sábado, 6 de fevereiro de 2016

Especialistas da USP desmentem boatos sobre o Zika vírus


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Publicado em SaúdeUSPOnline Destaque por Ivanir Ferreira em 18 de dezembro de 2015
Informações equivocadas têm circulado na internet e aplicativos de celular associando o Zika vírus a doenças neurológicas que acometem idosos e crianças, à vacina da rubéola e ao mosquito transgênico, causando ansiedade e até pânico em quem acredita nelas.
Especialistas da USP reforçam a importância de se informar por meio de fontes seguras e buscam tranquilizar a população sobre os boatos, que cresceram após o surto de microcefalia no nordeste brasileiro, com alguns casos sendo atribuídos ao Zika vírus pelo Ministério da Saúde. Veja, a seguir, os esclarecimentos dos especialistas.
Não caia nessa – principais boatos
  • Mosquitos modificados em laboratórios
O boato:
O Zika vírus teria aumentado sua incidência em vários estados brasileiros após a soltura de mosquitos transgênicos criados em laboratórios de pesquisa.
A verdade:
Segundo entomologista Paulo Roberto Urbinatti, do Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, não existe nenhuma pesquisa científica comprovando a associação dos mosquitos geneticamente modificados com os casos de microcefalia.
Contrariamente aos boatos que correm na internet, Urbinatti reforça que os mosquitos transgênicos foram criados para combater oAedes aegypti. Em cidades pequenas onde eles foram soltos na natureza, como Juazeiro, no interior da Bahia, houve o controle do vetor e consequentemente a transmissão da doença.
Embora defenda o uso da tecnologia para o combate aos mosquitos, Urbinatti aposta como medida mais eficaz ações educacionais e preventivas para conscientizar a população quanto à eliminação de possíveis criadouros em suas casas e locais de trabalhos. As políticas públicas deveriam ser permanentes e não se restringir apenas ao período do verão, quando as temperaturas aumentam e as chuvas acontecem abundantemente.
  • Vacina da rubéola vencida e microcefalia
O boato:
Um lote vencido de vacinas contra a rubéola teria sido aplicado em gestantes, o que teria ocasionado microcefalias nos bebês dessas mulheres.
A verdade:
A vacina da rubéola é contraindicada às mulheres grávidas, sendo aplicada apenas em crianças aos 15 meses de vida e em mulheres em idade fértil, com a recomendação de que não engravidem nos 30 dias posteriores à vacinação. A orientação é da enfermeira obstétrica sanitarista Maria Cristina Bernat, do Centro de Saúde Escola Geraldo Paula Souza, da FSP, que procura tranquilizar suas pacientes que trazem preocupações improcedentes para o consultório.
Na opinião de Maria Cristina, a celeuma na internet acontece por falta de conhecimento e porque as pessoas não buscam fontes seguras para obtê-lo.
A rubéola oferece maior risco aos bebês de gestantes infectadas pela doença no primeiro trimestre de gravidez porque a mãe pode desenvolver a síndrome de rubéola congênita, ou seja, ela poderá transmitir a doença ao feto. Ele possivelmente terá malformações que vão desde microcefalia, glaucoma congênito, retardo mental e surdez até o óbito.
  • Problemas neurológicos em crianças e idosos
O boato:
O Zika vírus poderia provocar danos neurológicos em crianças de até sete anos e em idosos – e quem contraísse o vírus poderia apresentar a Síndrome de Guillain-barré.
A verdade:
O Zika vírus pode sim ter associação com o aumento da Síndrome de Guillain-barré no nordeste brasileiro, porém, ainda não existe confirmação científica.
Também não há ligação do problema com um faixa etária em especial, podendo atingir adultos e crianças.
Marcos Boulos, coordenador de controle de doenças da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo e infectologista aposentado da Faculdade de Medicina (FMUSP) da USP, explica que as pessoas passaram a acreditar nessa ligação porque surgiram mais casos de Guillain-barré no mesmo período em que cresceu a epidemia do Zika vírus.
Segundo o pesquisador, essa conexão poderia ser feita porque certas enfermidades de comprometimento neurológico estão ligadas a vírus e bactérias em geral.
Mutações do Zika vírus
Com a finalidade de divulgar informações baseadas em dados comprovados cientificamente, o Núcleo de Divulgação Científica da USP entrevistou o pesquisador Paolo Marinho de Andrade Zanotto, do Departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, falando sobre as descobertas das mutações no vírus que facilitam a multiplicação e aumentam sua concentração nas células humanas. Ouça aqui a entrevista.
Especialistas da USP desmentem boatos sobre o Zika vírus
Editoria: SaúdeUSP Online Destaque - Autor: Ivanir Ferreira - Data: 18 de dezembro de 2015

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